Consultoria eleva a probabilidade de a presidente perder o mandato, mas prevê forte tensão política até a decisão.
SÃO PAULO – Após a Câmara aprovar, na noite deste domingo (17), o envio ao Senado do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, as chances de ela perder o mandato passaram de 70% para 80%. A avaliação é da Arko Advice, consultoria especializada em análises políticas. Isso não significa, porém, que a tramitação do processo no Senado ocorrerá sem duros embates políticos, inclusive nas ruas.
Em relatório assinado pelo cientista político Murillo de Aragão, fundador da Arko, e sua equipe, a consultoria avalia que o placar da votação na Câmara (367 votos favoráveis ao impeachment e 137 contrários) mostra quanto Dilma está politicamente isolada. “O jogo no Senado começa de forma muito desfavorável ao governo”, afirma o texto.
Além do resultado da votação na Câmara ficar acima do esperado pelo governo, outros três fatores sublinham a desvantagem de Dilma. O primeiro foi a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de rejeitar o mandado de segurança que pretendia anular o processo na Câmara. Elaborado pela AGU(Advocacia-Geral da União), agora comandada pelo ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo. O mandado alegava que o processo já nascia com vícios que deturpavam o objetivo e comprometiam sua credibilidade.
A derrota da AGU no STF reforçou a avaliação dos parlamentares de que o processo não fere os princípios constitucionais, o que dá mais segurança para que muitos o apoiem.
Largando na pole
Outro fator que pesa contra Dilma é que já existem votos suficientes para que o Senado aprove a abertura do processo, o que requer apenas a maioria simples da Casa (metade mais um dos votos, desde que haja quórum mínimo de 41 senadores na votação). Prevista para ocorrer entre os dias 11 e 12 de maio, é nesta votação que pode ser determinado o afastamento temporário da presidente por até 180 dias e a posse de Michel Temer como presidente interino.
O terceiro fator que joga contra a petista é que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), vem amenizando os sinais de que está ao seu lado. No início da disputa entre os grupos pró e contra impeachment, meses atrás, Renan chegou a se indispor publicamente com Temer contra o processo. Agora, com o vice-presidente fortalecido e na iminência de assumir o poder, Renan deve mudar de tom e adotar uma postura de neutralidade, segundo a Arko. Se isso ocorrer, o PT e Dilma terão perdido seu maior aliado no Senado contra a aprovação do impeachment.
Por último, a consultoria alerta para o risco de uma grave briga judicial entre governo e oposição, o que obrigaria o STF a se posicionar em temas espinhosos. Em meio a tudo isso, a tensão política e social só tende a crescer nos próximos dias. Este resto de abril e maio será tudo, menos monótono.
Fonte: financista
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